Diretor: 
João Pega
Periodicidade: 
Diária

Deputados da Mealhada olham para a ferrovia e Bussaco


quarta, 16 outubro 2019

Recuperação da linha da Pampilhosa e candidatura da Mata do Bussaco a Património da UNESCO são as ambições convergentes de Joana Sá Pereira, do PS, e Bruno Coimbra, do PSD

 

A próxima legislatura terá, na Assembleia da República, dois deputados naturais da Mealhada. Joana Sá Pereira, eleita pela maioria socialista, faz a sua estreia no hemiciclo, enquanto Bruno Coimbra, na bancada social-democrata, estará no Parlamento para o seu terceiro mandato. A melhoria da ferrovia no concelho e o apoio à candidatura da Mata do Bussaco a Património da Humanidade são os pontos convergentes dos dois deputados, no meio de muitas discordâncias.

Joana Sá Pereira recorda que o concelho da Mealhada sempre se destacou pela ferrovia, apontando para a necessidade de se requalificar a Linha da Beira Alta. “O plano da ferrovia que está em curso vai fazer face às adversidades e vai permitir a melhoria e reforço da Linha da Beira Alta, bem como da requalificação da estação da Pampilhosa”, entende a recém-eleita deputada socialista.

Do outro lado, Bruno Coimbra também destaca a importância da ferrovia e da melhoria da linha, mas não se mostra tão otimista como Joana Sá Pereira. “O investimento na ferrovia devolverá centralidade à Pampilhosa e necessita de sair do papel. Não ser como alguns estaleiros erguidos em plena campanha eleitoral para visita do primeiro-ministro mas que depois ficam desertos conforme temos visto nas notícias”, acusa.

Maior concordância parece haver entre os dois deputados da Mealhada na candidatura da Mata do Bussaco a Património da Humanidade. “Haverá no distrito de Aveiro algo mais justificativo de ser Património da Humanidade do que o nosso Bussaco?”, questiona Bruno Coimbra, considerando que a distinção da Mata insere-se “no reforço das políticas e das estruturas que dão condições para a boa promoção e para a articulação da oferta turística e de valorização do património do concelho”. Para Joana Sá Pereira, embora a candidatura não tenha a intervenção direta do Governo, esta assegura que “o PS vê com muita atenção este projeto e no que o partido puder ajudar para transformar este monumento à escala mundial, irá fazê-lo”.

 

Diferenças de experiência

Joana Sá Pereira e Bruno Coimbra partem para a nova legislatura com experiências políticas diferentes. Se a socialista se vai estrear como deputada na Assembleia da República, o social-democrata já lá está desde 2011, altura em que foi eleito pela primeira vez. “É importante ter a experiência, mas sem perder o entusiasmo. Parto para esta legislatura mais experiente, com melhor capacidade de intervenção política e de trabalho do que tinha em 2011, mas com a mesma vontade e entusiasmo que tive dessa vez”, afirma Bruno Coimbra. A poucas semanas de se sentar pela primeira vez no hemiciclo, Joana Sá Pereira mostra-se confiante, querendo dar continuidade ao trabalho feito pelo seu partido nos quatro anos anteriores. “Espero que o trabalho iniciado em 2015 continue e que se possa fazer mais e melhor, para devolver os rendimentos aos portugueses”, assegura.

Presente, mais um mandato, na bancada da oposição, Bruno Coimbra tem uma visão diferente dos últimos quatro anos. “foram pródigos em ilusões que fizeram ao país perder tempo e cujas consequências se notam já hoje na degradação dos serviços públicos, na falta de investimento e na quebra dos nossos índices económicos e sociais”, critica.

Os dois deputados veem com otimismo a diversidade do Parlamento, com 10 forças políticas a eleger deputados, mas mostram, ainda assim, algumas cautelas. “Na última legislatura percebeu-se que forças políticas mais pequenas conseguiram fazer um trabalho importante e nestes quatro anos é necessário procurar consensos”, analisa Joana Sá Pereira. Para Bruno Coimbra, a presença de tantas forças políticas na Assembleia da República “traz um reforço de responsabilidade aos eleitos dos partidos moderados, pois sabemos que esta diversidade se deve também à eleição de deputados de partidos e correntes de extrema-direita e de extrema-esquerda, com visões deturpadas do sistema democrático, da liberdade individual dos cidadãos e do papel do Estado, das quais nos devemos demarcar”.