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Diária

Cão abatido a tiro em Penacova gera revolta na população


sexta, 18 janeiro 2019

Fidalgo era o nome pelo qual António Melo, caçador da zona da Mealhada, chamava o cão que o acompanhava. Perdido há cerca de três meses do proprietário, que não teve sucesso nas tentativas de localização, o cão de raça podengo estava na aldeia de Cerquedo, em Penacova, onde veio a ser abatido a tiro no passado dia 5 de janeiro, depois de ter encontrado uma família de acolhimento, que lhe deu o nome “Kiko”.

“O cão estava muito magrinho, só trazia ossos” quando chegou à aldeia de Cerquedo, recordou Sabina Guimarães. Solidária com o animal foi-lhe dando comida, estando inclusivamente a pensar adotá-lo, não sabendo que o cão tinha chip e que, consequentemente, tinha dono, tal como veio a ser apurado mais tarde pela associação de proteção animal Condeixa Pa’tudos, depois da morte do cão.

Kiko, começou a seguir os passos dos membros da família e foi numa deslocação a uma outra propriedade de Sabina Guimarães que tudo aconteceu. “Saí, fui para outra casita que eu tenho para apanhar umas ervas para os patos e para as galinhas, e o cão foi atrás de mim como era costume”, recordou Sabina Guimarães. Chegados ao local, a protetora de Kiko disse “o cão seguiu para outra casa (junto àquela onde estavam), para uma serventia privada onde estavam uns cãezinhos presos”. Ouviam-se os cães a ladrar e Sabina Guimarães chamou Kiko, mas sem sucesso. Pouco tempo depois o cão regressa dando sinais respiratórios anómalos, “o cão veio ter comigo e caiu ao pé dos meus pés”, lembrou Sabina. Para tentar perceber o que motivou o comportamento de Kiko, Sabina Guimarães recorda “virei-o e ele começou a virar os olhos”.

Surpresa com o que via, Sabina Guimarães conta que pediu ajuda à filha para saber o que fazer. Chegada ao local Carla Silva referiu “o cão tem aqui dois buracos, parece ter sido baleado”.

Quando questionada sobre a habitabilidade do espaço de onde veio Kiko, Sabina garante “vivem lá pessoas”, descartando a hipótese de o cão ter ido para outra casa que não aquela de onde saiu. Admitindo ter tido alguns problemas com as referidas pessoas, Sabina disse acreditar que não seriam capazes de matar o cão.

Olga Rute Silva, presidente da Condeixa Pa’tudos, associação de proteção animal de Condeixa que está a acompanhar o caso, garante “eu vi o cão, eu mexi no cão e vi, realmente, um buraco que pode ser mais que prova evidente de uma bala, portanto, confirmo que realmente é visível a olho a causa da morte do cão”.

Entretanto, o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana de Coimbra (SEPNA Coimbra) e o veterinário municipal foram ao local para recolher o corpo de Kiko e levar para a autópsia. Ao nosso jornal Olga Rute Silva refere que “não deram oportunidade ao dono do cão (António Melo) de reconhecer o corpo”, situação que a presidente da Condeixa Pa’tudos diz ser uma das coisas “mais chocantes neste caso”.

A presidente da Condeixa Pa’tudos prometeu acompanhar o caso, “nós vamos seguir com queixa-crime, vamos tornar-nos assistentes e vamos até às últimas”, garantido “vamos fazer com que se faça justiça”.

Até ao momento sabe-se que o alegado autor do crime já foi identificado, estando ainda a decorrer a investigação no Ministério Público.