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Cruz Vermelha da Mealhada distingue voluntários em celebração dos 40 anos


quarta, 17 abril 2019

“Carregamos às costas e, sobretudo, carregamos ao peito uma cruz, não de sacrifício, mas de orgulho”. Estas são palavras de Vítor Glória Soares, atual presidente da Delegação da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa, citadas por Miguel Midões, jornalista da TSF e anfitrião da III Gala Cruz Vermelha Portuguesa + Perto, ocorrida no passado dia 12 de abril, no Cineteatro Municipal Messias. No palco do edifício cultural da Mealhada desfilaram personalidades importantes para a Delegação da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa. Ex-presidentes, voluntários e instituições locais tiveram lugar nesta cerimónia e na história desta delegação, que celebra 40 anos de existência.

A 12 de abril de 1979 surgia no concelho da Mealhada a respetiva delegação da Cruz Vermelha Portuguesa. Passaram pela direção cinco presidentes, cabendo a Vítor Soares a condução dos destinos da instituição, desde 2016.

Pela primeira vez, os históricos dirigentes da instituição foram agraciados com um prémio. Vítor Soares afirmou que o futuro da Delegação do Concelho da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa só faz sentido porque existe história, aquela que foi feita com a ajuda dos antigos presidentes da delegação. “Queremos projetar o futuro, mas para conseguir isso é importante que fique claro que nos orgulhamos do nosso passado, um passado recente e onde, ao longo destes anos, passaram muitas pessoas, que deram o seu melhor com os meios e capacidades que tinham disponíveis à data”, afirmou o presidente da delegação.

“Ao longo destes anos, passaram muitas pessoas, que deram o seu melhor com os meios e capacidades que tinham disponíveis à data”, Vítor Soares, presidente da Cruz Vermelha da Mealhada

Joaquim Andrade, fundador da Delegação da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa, Manuel da Cruz Branco, detentor do mandato mais longo da história da instituição (27 anos), Jorge Semedo e Carlos Costa foram os dirigentes homenageados em palco, com a entrega de um prémio pelas mãos de Vítor Soares, Henrique Pereira, Delegado Regional da Cruz Vermelha Portuguesa, Ana Henriques, responsável pela área social da Cruz Vermelha Portuguesa da Mealhada, e Guilherme Duarte, vice-presidente da Câmara Municipal da Mealhada.

Dulce Andrade, filha do fundador da delegação, representou Joaquim Andrade e recordou a importância que atribuía à Cruz Vermelha, pondo-a “à frente de tudo”. Manuel Costa Branco, Jorge Semedo, atual coordenador de emergência local, e Carlos Costa, vice-presidente da atual direção, mostraram-se gratos pelo prémio, mas foram unânimes a reparti-lo por quem com eles trabalhou e trabalha, assim como com as respetivas famílias que, segundo referiu Vítor Soares, “que não sendo voluntárias o são na realidade”. Epiteto que o atual presidente da Delegação da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa estende aos amigos, que “todos os dias deixam de partilhar a nossa presença para que todos nós, voluntários, possamos realizar esta nobre tarefa”.

“O projeto de voluntariado é e será sempre um eixo central na nossa atuação”, Vítor Soares

O presidente da Cruz Vermelha da Mealhada referiu que “o projeto de voluntariado é e será sempre um eixo central na nossa atuação”, através do qual cumpre a missão de “fortalecer a sociedade civil, através de uma forma muito especial de cidadania ativa”.

Este modo de viver a cidadania, segundo recordou Vítor Soares, tem sido valorizado pela direção da Delegação da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa, nomeadamente com a atribuição de alguns prémios, entregues publicamente nas Galas Cruz Vermelha + Perto.

Criado em 2018, o “Prémio Henri Dunant” visa distinguir o voluntário que tenha, no mínimo, 10 anos de voluntariado efetivo e ininterrupto nesta delegação. No primeiro ano de atribuição deste prémio, Jorge Semedo foi o eleito, este ano, sucedeu-lhe Simão Campos, que veste a camisola da Cruz Vermelha Portuguesa na delegação da Mealhada há 15 anos. Beatriz Batista, responsável da juventude da instituição foi a responsável por entregar o prémio que foi gratamente aceite, lembrando que a maior conquista é pessoal: “este trabalho que desenvolvemos na Cruz Vermelha é gratificante pessoalmente e penso que cada voluntário acaba por ter este pensamento. Nós acabamos por fazer algo pelos outros sem esperar nada em troca e este é mesmo o principal fundamento que nos une”.

Para Vítor Soares é claro que a instituição que dirige é, “ao nível local, protagonista de uma força mobilizadora e efetiva dos talentos de cada um ao serviço de todos”. Talentos que a instituição também distingue através do “Prémio Voluntário +”. Atribuído anualmente, este galardão “honra a pessoa pela sua maneira de estar e de ser e que fez a diferença na delegação, neste último ano”, esclareceu Vítor Soares. Fruto da votação dos pares, Maria Ascensão Ferreira foi a merecedora deste prémio que recebeu com “grande surpresa” das mãos de Jorge Semedo. “É uma honra dar o meu pequeno contributo a esta instituição que muito prezo. Estou muito grata, muito sensibilizada e muito agradecida aos colegas que votaram em mim”, referiu.

Nesta cerimónia, o Município da Mealhada também mereceu uma distinção, por ter sido a entidade que, em 2018, mais vezes solicitou os serviços da Delegação da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa, permitindo “elevar a excelência das nossas intervenções”, declarou Vítor Soares, que entregou em mão o “Prémio Parceiro +” a Guilherme Duarte, vice-presidente da Câmara Municipal da Mealhada. “Estamos perante uma instituição que é reconhecida por todos nós como uma mais-valia para tudo aquilo que nós, até aos dias de hoje, fazemos no nosso município”, referiu o autarca, sublinhando a inteira disponibilidade demonstrada para participar em todas as atividades solicitadas, recordando a intensa atividade desportiva da Mealhada.

Manuel Lindo Cardoso recebe o “Prémio Joaquim Andrade Ser+”

Na reta final da cerimónia foi entregue o Prémio Joaquim Andrade Ser+. Criada há 4 anos, esta distinção pretende reconhecer uma personalidade, coletividade ou associação que se tenha destacado no concelho no âmbito do voluntariado. Entregue pelo presidente da Delegação da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa e pelo Delegado Regional da Cruz Vermelha Portuguesa, Henrique Pereira, o prémio que contém o nome do fundador da delegação pertence, este ano, a Manuel Lindo Cardoso. Visivelmente emocionado, após ter assistido a um vídeo onde familiares, amigos e colaboradores lhe prestaram também homenagem, o vencedor do Prémio Joaquim Andrade Ser+ refere: “é um prazer muito grande receber este prémio e dar continuidade ao legado das outras pessoas que foram distinguidas, nomeadamente pessoas que muito respeito, Senhor Júlio Penetra, Senhor Doutor Nuno Canilho e Jorge Semedo”. Manuel Lindo Cardoso terminou a sua intervenção convidando as pessoas que ainda não são voluntárias “a dar um pouco do seu contributo”, juntando-se à família de voluntários do concelho.

Henrique Pereira, Delegado Regional da Cruz Vermelha Portuguesa, disse ter saído desta cerimónia “muito mais rico”, expressando-se orgulhoso por ver o trabalho desenvolvido pela delegação da Mealhada.

“Mais do que o trabalho que esta delegação faz, há uma coisa que me toca o coração, que é o reconhecimento que aqui está a acontecer”, Henrique Pereira, Delegado Regional da Cruz Vermelha Portuguesa

“Mais do que o trabalho que esta delegação faz, há uma coisa que me toca o coração, que é o reconhecimento que aqui está a acontecer”, afirmou Henrique Pereira referindo-se aos prémios atribuídos ao longo da noite. “Normalmente, e infelizmente, nem toda a gente sabe reconhecer, e estes prémios, que naturalmente são simbólicos, têm um valor inestimável para quem os recebe. São justamente, no meu modesto entendimento, o melhor testemunho que podemos dar de reconhecimento a essas pessoas”, considera o Delegado Regional da Cruz Vermelha Portuguesa.  

O responsável pelas delegações da região, afirmou ainda que o ambiente que se viveu nesta noite foi ímpar atendendo ao que conhece das outras delegações: “conheço a maioria das delegações da Mealhada a Bragança e nunca estive num ambiente tão agradável, tão familiar, tão sincero, tão espontâneo e tão amigo”.

Nesta cerimónia, cujo ambiente foi predominante fraterno, Miguel Midões destacou a amizade entre todos e entre instituições. A Fundação Mata do Bussaco, foi um dos exemplos dados, nomeadamente, por se ter associado às celebrações da Delegação da Mealhada Cruz Vermelha Portuguesa com a oferta da madeira de que são feitos os distintivos entregues ao longo da noite. Cada premiado recebeu um prémio com madeira originária da Mata Nacional do Bussaco, mais concretamente de uma das mais devastadoras perdas causadas pela passagem da tempestade “Leslie”.

Destroços causados pela “Leslie” no Bussaco originam troféus

A esta manifestação de amizade, juntaram-se o restaurante Rei dos Leitões, que confecionou o bolo de aniversário, e também os artistas que pisaram o palco do Cineteatro Municipal Messias, para pontuar a III Gala Cruz Vermelha + Perto. A secção de ballet do Hóquei Clube da Mealhada, o grupo de teatro Baluarte (com a colaboração especial de Hugo Silva, líder da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”), os acordes de Cláudio da Paula, a percussão de Miguel Osório, o baixo de Fábio Rocha, a voz de Miguel Silva, da fadista lusense Edna Costa, do vocalista, guitarrista, percussionista e compositor musical PAMA, de André Pata e Micaela, a conhecida cantora da música nacional, animaram esta noite.

Todos juntos “de forma solidária e imediata” aceitaram o convite para fazer parte da festa da Delegação da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa, segundo referiu Vítor Soares, que agradeceu a todos, inclusivamente à Câmara Municipal da Mealhada, pela cedência do espaço, e a Miguel Midões, pela condução da cerimónia.

A celebração dos 40 anos da referida instituição foi para além desta gala. No dia 13 de abril, foi depositada uma coroa de flores na campa do fundador da instituição e à noite, o grupo de teatro Baluarte, de Amoreira da Gândara, exibiu a peça “Um visto para a vida”, cuja receita de bilheteira reverteu inteiramente para a delegação. Até dia 30 de junho manter-se-á patente ao público a exposição comemorativa, intitulada “40 Anos, Fotos, Factos”, na sala de exposições do Cineteatro Municipal Messias.

 

Fotografia: Membros da Cruz Vermelha juntam-se no palco do Cineteatro Municipal Messias