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TU CÁ, TU LÁ: “Não é fácil lidar com a saudade”


tags: Bairrada Categorias: Região quarta, 12 junho 2019

Chama-se José Luís Costa Antunes, é natural de Travasso, tem 32 anos e é engenheiro civil. Está agora em Angola e trabalha no Grupo Casais.

Emigrou pela primeira vez em 2015. Tinha 28 anos quando partiu para Timor-Leste, aceitando o convite de Elídio Alferes, da Socertima. “A oportunidade de crescer, profissional e pessoalmente, foi o motivo que me levou a aceitar este convite. Era suposto ficar seis meses, mas foram dois anos”, explica José Antunes, um apaixonado por Timor-Leste. “É um país com escassez de recursos, mas com um coração gigante. O povo timorense tem um carinho enorme por Portugal, que se notou bastante quando a Seleção Portuguesa de Futebol venceu o Euro2016. Nesse dia, ninguém dormiu em Díli. Eram quatro da manhã e as ruas estavam inundadas de gente que assistiu ao Portugal-França. No final do jogo, foi uma loucura”, recorda o bairradino. De Timor, José Antunes destaca também as “praias paradisíacas” e “o melhor pôr do sol do mundo”.

Agora em solo africano, “ainda em fase de adaptação”, o dia-a-dia é semelhante ao que tinha em Portugal: “durante a semana, é casa-trabalho-casa. Ao fim-de-semana, vou para a praia e socializo com os amigos”. Em Angola, “país fantástico”, também há “praias muito bonitas” e “um pôr do sol único”, mas, por questões de segurança, José Antunes não tem tanta liberdade de movimentação: “sinto algum desconforto na rua, nem sempre vou onde quero”. Ao serviço do Grupo Casais, por vezes, passa também curtas temporadas em Timor-Leste.

Além-fronteiras, José Antunes tem encontrado dificuldades, como “a distância, a cultura e a escassez de recursos”. No entanto – explica – “foram essas dificuldades que me fizeram crescer, tanto a nível pessoal como profissional”.

Regressar a casa de vez faz parte dos planos de José Antunes: “não tenciono estar fora de Portugal muito tempo. É um país lindíssimo, civilizado e organizado, que tem todo o tipo de paisagens e a melhor gastronomia do mundo. Só lhe falta oportunidades, a nível profissional e financeiro”. Enquanto emigrante, evita passar muitos meses sem regressar às origens: “no mínimo, três vezes por ano. Não é fácil lidar com a saudade das nossas raízes, da nossa família, das nossas amizades de anos. As novas tecnologias ajudam bastante, mas não é a mesma coisa”. José Antunes tem também muitas saudades “da comida da mãezinha” e da Mealhada, “cidade especial onde estudei, onde cresci como pessoa e onde tenho grande parte dos meus amigos”.